O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira, 22, os nomes de 16 ministros que formarão o novo governo petista a partir de janeiro do ano que vem. Eles se juntam aos cinco nomes que já haviam sido anunciados, restando agora 16 pastas a serem ocupadas. A presença de Geraldo Alckmin, que conciliará a Vice-Presidência e o Ministério da Indústria e Comércio, chamou a atenção.
Já a senadora Simone Tebet (MDB-MT), que era cotada para assumir o Desenvolvimento Social, ficou de fora desta leva. Pesou o lobby do Partido dos Trabalhadores, que trabalhou para que uma possível adversária em 2026 não assumisse pasta tão importante. O senador Wellington Dias (PT-PI) foi o escolhido. A Educação também ficará nas mãos do PT.
O ex-governador do Ceará Camilo Santana, que foi eleito para o Senado, será o responsável pelo ministério. A governadora cearense Izolda Cela, que deixou o PDT, era uma das candidatas, mas deverá se contentar com a Secretaria da Educação Básica. Apesar da predileção por um homem na Educação, seis mulheres ganharam ministérios: Nísia Trindade (Saúde), Esther Dweck (Gestão), Luciana Santos (Ciência e Tecnlogia), Cida Gonçalves (Mulher), Margareth Menezes (Cultura) e Anielle Franco (Igualdade Racial). Esta última é irmã da vereadora Marielle Franco, do PSOL, que foi assassinada em 2018 no Rio de Janeiro.
A ausência de Tebet simboliza a predominância do PT no anúncio desta quinta. Nenhum político dos partidos que se integraram a “frente ampla” do segundo turno foi contemplado. Lula, no entanto, deu a entender que haverá membros do MDB e PSD – e talvez do União Brasil – no próximo anúncio. “Queria que os ministros e as ministras ao montarem seu governo levassem em conta a pluralidade das pessoas que participaram da campanha, que cada pessoa tente montar governo colocando gente diversa, gente de outras força políticas que nos ajudaram, porque somente assim a gente vai contemplar o espectro de gente que participou dessa comissão de transição”, destacou o presidente eleito. Partidos que apoiaram Lula desde o inicio também querem ser atendidos. É o caso da Rede, que espera ver Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente.
Alexandre Padilha (Secretaria das Relações Institucionais)
Formado em medicina pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Padilha é membro do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) desde 1991 e atuou diretamente nas campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1989 e 1994. Em 2004, o petista passou a exercer o primeiro cargo político como diretor de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e, cinco anos depois, comandou a pasta com status ministerial da Secretaria de Relações Institucionais. Sob a gestão de Dilma Rousseff, atuou como ministro da Saúde e, após o impeachment da petista, foi alocado como secretário municipal de Saúde em São Paulo, na gestão de Fernando Haddad na capital paulista. Em 2019, elegeu-se deputado federal. A partir do próximo ano, voltará a exercer o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais com o retorno de Lula à Presidência da República.
Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência da República)
Cotado para assumir a presidência do Partido dos Trabalhadores após o fim do mandato da atual mandatária, Gleisi Hoffmann (PT-PR), Macedo é natural da Bahia, mas cresceu politicamente em território sergipano. Lá, graduou-se em ciências biológicas pela Universidade Federal de Sergipe e concluiu um mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Após a carreir acadêmica, Macedo tornou-se presidente do Diretório Municipal do PT em Aracaju e posteriormente assumiu o comando da sigla em Sergipe. Na capital, passou pelo cargo de secretário de Desenvolvimento e Meio Ambiente e também foi secretário do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado. Eleito deputado federal em 2010, foi presidente da Comissão de Mudanças Climáticas do Congresso e assumiu o cargo de tesoureiro do PT após seu antecessor, João Vaccari Neto, ser preso pela Polícia Federal em decorrência das investigações da Operação Lava Jato.
Margareth Menezes (Cultura)
Cantora e compositora, a baiana tem em seu currículo 21 turnês mundiais, indicações ao Grammy Awards e ao Grammy Latino, dois troféus Caymmi, dois troféus Imprensa e quatro troféus Dodô e Osmar — concedido ao artista de maior repercussão ou música de maior sucesso no Carnaval de Salvador. Margareth é famosa pela interpretação da música “Faraó”, um dos grandes sucessos do Carnaval baiano. Em 2004, ela fundou a “Fábrica Cultural” que, em parceria com a Secretaria Municipal da Educação e Cultura, da Prefeitura de Salvador, capitaneou projetos de arte, cultura e educação na região.
Nísia Trindade (Saúde)
Primeira mulher da história a comandar a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia formou-se em ciências sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) e concluiu seu mestrado e doutorado no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) — órgão vinculado a UERJ. Após ser eleita para chefiar a Fiocruz em 2017, Trindade foi a responsável pela criação do Observatório Covid-19, que realizou pesquisas e sistematizou dados epidemiológicos sobre a pandemia no Brasil e coordenou o acordo de transferência de tecnologia entre o Ministério da Saúde, a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca para produção local de vacinas contra o coronavírus. Também será a primeira mulher a comandar a pasta da Saúde no âmbito federal.
Silvio Almeida (Direitos Humanos)
Professor universitário na Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o docente também é filósofo, escritor e presidente do Instituto Luiz Gama — organização que tem como objetivo lutar contra o preconceito e defesa das garantias fundamentais da população negra. Em 2020, Almeida foi convidado para ser professor visitante na Universidade Duke, nos Estados Unidos, para lecionar sobre “Raça e Direito na América Latina”. Após dois anos, um novo convite da Universidade de Columbia, também em território norte-americano, em Nova Iorque. É autor do livro “Racismo Estrutural”, um dos principais sobre o tema. Corintiano fanático, seu pai, Barbosinha, foi goleiro do clube nos anos 1960. O apelido deriva da semelhança do ex-jogador com Barbosa, arqueiro da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1950 e apontado na época como grande vilão da derrota para o Uruguai. “O apelido do meu pai era por conta de eles serem negros. E meu pai não herdou apenas o apelido, mas o estigma sobre os goleiros negros”, disse Almeida em entrevista ao SporTV, em 2020.
Wellington Dias (Desenvolvimento Social)
Nascido município de Oeiras, no Piauí, o político ingressou na graduação de letras portuguesas pela Universidade Federal do Piauí e cursou uma especialização em políticas públicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Após a carreira academica, atuou como bancário, sendo gerente do Banco do Nordeste, passando pelo Banco do Piauí e pela Caixa Econômica Federal. Vereador de Teresina em 1993, Dias também foi deputado estadual e federal. Entre 2003 e 2010 e 2015 a 2022, exerceu o cargo de governador do Piauí, sendo eleito senador pelo Estado na última eleição. A sua indicação é uma vitória da cúpula Partido dos Trabalhadores, que trabalhou para que a senadora Simone Tebet (MDB-MT) não assumise uma pasta de tando destaque, pois ela é vista como possível adversária da legenda na próxima eleição presidencial.
Fonte: Jovem Pan