Partido Socialista Brasileiro (PSB) denunciou, pela segunda vez, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Dessa vez, a representação diz respeito ao envolvimento de Zambelli com Walter Delgatti Neto, “hacker da Vaza Jato” supostamente pago para invadir sistemas digitais e questionar o resultado das eleições de 2022.
A representação foi assinada pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira, e protocolada junto ao Conselho de Ética na última sexta-feira (11/8). De acordo com o regimento da Câmara, o documento precisa passar por uma avaliação jurídica antes de ser efetivamente recebido pelo conselho.
A análise técnica foi finalizada e, agora, o Conselho deve receber o documento após o prazo de duas sessões. O colegiado, no entanto, não tem reuniões marcadas nos próximos dias, e a próxima sessão deve ficar para a semana que vem.
O PSB já havia acionado o Conselho de Ética contra Zambelli por um incidente em que a deputada teria mandado outro parlamentar “tomar no c*”. Por 15 votos a 4, a denúncia que pedia sua cassação foi classificada como inadmissível e o caso acabou sendo arquivado.
“Tendência golpista”
Agora, o PSB afirma que o envolvimento de Zambelli com Delgatti fomentam a “expansão de uma tendência discursiva golpista durante o exercício do mandato parlamentar, atentando contra a existência do próprio Parlamento, cuja legitimidade é conferida pelo voto popular por meio de sistema eletrônico de votação administrado pelo Tribunal Superior Eleitoral”.
O hacker Delgatti Neto é investigado pela suposta inserção de dados falsos sobre o ministro Alexandre de Moraes, do STF, no Banco Nacional de Mandados de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Investigações apontam que ele teria sido contratado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), ligada ao ex-presidente, para prestar os serviços, que teriam o objetivo de beneficiar Bolsonaro durante as eleições de 2022. À Polícia Federal, Delgatti disse que Zambelli o pagou cerca de R$ 40 mil.
A parlamentar também teria articulado um encontro entre o então presidente e o hacker em agosto do ano passado, ocasião em que Bolsonaro o teria questionado sobre a possibilidade de violar as urnas eletrônicas.
“No caso, as condutas descritas são puníveis criminalmente e no âmbito deste Conselho de Ética, tendo em vista que a Deputada praticou irregularidade grave no desempenho dos encargos decorrentes do mandato eletivo, violando deveres fundamentais e o decoro parlamentar, que afetam a dignidade da representação popular”, consta na representação protocolada pelo PSB.