Vídeo: Internos são encontrados amarrados em clínica de pastores
Caldeira
Goiânia – Na mesma semana em que 50 pessoas foram encontradas feridas e desnutridas em uma clínica clandestina, na zona rural de Anápolis, a cerca de 55 km da capital goiana, a Polícia Civil resgatou internos de um segundo estabelecimento semelhante, que inclusive, pertence ao mesmo pastor.
A segunda chácara foi localizada pela corporação nessa quinta-feira (31/8), com 43 internos. No local, as pessoas – maioria com deficiência intelectual – estavam trancadas com cadeados e alguns estavam amarrados. Segundo o delegado responsável pela investigação do caso, Manoel Vanderic, os suspeitos Ângelo Máio Klaus Júnior e Suelen Amaral Klaus tiveram a prisão preventiva decretada. No entanto, apenas a mulher foi presa, o homem é considerado foragido.
Local insalubre
De acordo com a polícia, assim como a primeira clínica, a segunda chácara foi encontrada em condições insalubres, com alimentos vencidos e medicações sedativas que eram aplicadas nos pacientes sem receita ou qualquer orientação médica.
Os internos que conseguem se comunicar relataram agressões físicas e contaram ser soltos apenas duas vezes por dia, para refeições.
A polícia explicou que os 43 resgatados foram levados para o albergue montado pela prefeitura no estádio municipal, onde passam por triagem para identificação e recambiamento, já que a maioria é de outros estados. Alguns dos internos precisaram ser hospitalizados, de acordo com o delegado.
A Polícia Civil ainda explicou que dois seguranças do local fugiram com a chegada da polícia. Ao todo, seis pessoas foram autuadas em flagrante e foram presas preventivamente.
Tortura
Na primeira clínica, cinquenta pessoas, que eram mantidas em cárcere privado e sofriam tortura em uma clínica clandestina localizada na zona rural de Anápolis (GO), foram resgatadas durante uma operação da Polícia Civil na terça-feira (29/8). As vítimas são homens, entre 14 e 96 anos. Entre eles, há pacientes com deficiência intelectual, cadeirante, autista e alguns dependentes químicos.
Os pacientes eram trancados em ambiente insalubre e tinham alimentação precária. Os responsáveis não forneciam medicação ou acompanhamento médico.
Consta nas investigações que eles foram levados de forma ilegal e involuntária ao local, onde eram confinados mediante pagamento de, no mínimo, um salário mensal. Vários apresentavam lesões graves, desnutrição e confusão mental compatível com sedação.
As vítimas foram acolhidas pelos serviços de saúde mental e assistência social da Prefeitura de Anápolis, onde passaram a madrugada desta quarta-feira (30/8) recebendo alimentação, higiene e primeiros socorros. Os pacientes foram acomodados no estádio da cidade, local onde foi montada uma força-tarefa para recebê-los.
Os servidores municipais realizaram a identificação das vítimas e tentam localizar familiares, já que muitos são de outros estados da Federação. Alguns precisaram de hospitalização e foram resgatados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).