O plano de atentado contra o senador Sergio Moro (União-PR) estava em andamento às vésperas da operação da Polícia Federal (PF) contra a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Um vídeo que faz parte de uma série de conversas, gravações e diversas informações em posse da Justiça Federal, que tirou o sigilo dos documentos na tarde desta quinta-feira, 23, aponta a ação dos criminosos.
De acordo com um dos documentos, em 3 de fevereiro, um dos envolvidos no plano filma, de dentro de um carro preto, a fachada de um prédio, em Curitiba, indicado como possível endereço de Moro. “Assim, a gravação destes vídeos e a presença de CLAUDINEI [um dos investigados] em Curitiba demonstra que o plano de atentado contra o senador continua em andamento”, diz um trecho. O documento também mostra que os integrantes estavam utilizando imóveis “próximos” ao possível endereço do senador. Inclusive, uma das integrantes chegou a comentar a “preocupação em relação à distância do local até Curitiba, bem como a respeito da existência de pedágios na rota entre ambos (os quais, segundo ponderou a equipe policial, poderiam registrar veículos, rostos, datas e horários de passagens)”, revela.
Conforme a Jovem Pan mostrou, os integrantes do PCC suspeitos de arquitetar o sequestro e assassinato de autoridades e políticos, cogitaram uma ação contra Moro no dia do segundo turno das eleições de 2022. As informações do plano arquitetado constam na decisão judicial da juíza federal substituta Gabriela Hardt.
Nos documentos, é possível ver uma conversa por aplicativo de mensagem em que dois membros da quadrilha trocam informações pessoais sobre o ex-juiz e sua família. Um dos suspeitos também cita um endereço como possível residência do senador e chega a detalhar acessos existentes no local de votação do ex-juiz, assim como a presença de seguranças e rotas de acesso ao local. “Foram observadas anotações manuscritas com dados pessoais do senador Sergio Moro, incluindo endereços, nomes dos familiares, telefone, e-mail da sua filha e informações da declarações de bens”, diz trecho da decisão. “Verificou-se também um relato detalhado de um reconhecimento de local que seria usado para a votação na eleição de 2022. (…) Restando claro que foi cogitada alguma ação contra [Moro] na data do segundo turno”.
Os documentos da Justiça Federal também apontam codinomes usados para se referir a Moro, a informações do plano e possíveis ações. “Tokio”, por exemplo, era o codinome do ex-ministro e “Flamengo” significava sequestro. Para falar sobre a “ação”, eles usavam a palavra “Fluminense” e para mencionar o Estado do Mato Grosso do Sul, “México”.
Além disso, documentos sigilosos da Polícia Federal, também obtidos pela Jovem Pan, apontam que operações de narcotráfico provenientes da Bolívia foram as financiadoras da missão de atentando contra Moro. Áudios encontrados na conta ICloud utilizada pelo investigado Claudinei Gomes Carias indicam a cobrança de prestação de contas por uma ‘financeira da Bolivia’. A investigação da PF afirma que o material mostra que “se a prestação de conta não for enviada no tempo certo, a financeira da Bolivia que vai cobrar eles, ou seja, o dinheiro que é recebido pelos investigados vem, naturalmente, do tráfico de drogas”, escreveram os investigadores.
Fonte: Jovem Pan