São Paulo – Alexandre Nardoni, de 45 anos, preso desde 2008 pela morte da filha Isabella, foi solto na tarde dessa segunda-feira (6/5). A Justiça concedeu a progressão dele para o regime aberto, em decisão também nesta segunda, após pedido da defesa de Nardoni há um mês.
A Secretaria da Administração Penitenciária confirmou, por meio de nota, que “a direção da Penitenciária II de Tremembé deu cumprimento nesta segunda-feira (6/5), às 17h20, ao alvará de soltura expedido pelo Poder Judiciário em favor do preso Alexandre Nardoni, em virtude de progressão ao regime aberto”.
Nardoni deixou a cadeia de carro, por volta das 18h10. Em liberdade, ele deve passar a morar na casa do pai, na zona norte da cidade de São Paulo, com a família.
Além disso, ele pretende trabalhar na empresa de construção civil do pai.
Em nota, o advogado de Nardoni, Roberto Podval, disse que “a decisão é irretocável” e que, “se não pensarmos na ideia de reabilitação, a pena terá um efeito perverso”.
A decisão do juiz José Loureiro Sobrinho, de São José dos Campos, contraria manifestação do Ministério Público (MPSP), que queria que o reeducando fosse submetido a exame criminológico e ao teste de Rorschach, para comprovar se ele tem condições de ficar em liberdade.
Para o magistrado, Nardoni “mantém boa conduta carcerária, possui situação processual definida, cumpriu mais de metade do total de sua reprimenda, encontra-se usufruindo das saídas temporárias, retornando normalmente ao presídio”.
Ainda segundo a decisão judicial, Alexandre Nardoni teve avaliação favorável em relatório conjunto e não registra faltas disciplinares durante o cumprimento da pena, “preenchendo, assim, os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela lei”.
Alexandre Nardoni é condenado por matar a própria filha, Isabella, de apenas 5 anos, que foi agredida e jogada de uma janela, no sexto andar de um prédio da zona norte de São Paulo, em 2008. Levado a júri popular, ele foi considerado culpado dois anos depois.
Na avaliação dos profissionais da SAP, detalhada pelo Metrópoles no dia 24 de abril, Nardoni é considerado “lúcido”, “cooperativo”, “globalmente orientado” e não haveria “contraindicação psiquiátrica, neste momento, para a progressão penal”. Já o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que queria mantê-lo atrás das grades, diz se tratar de um “criminoso atroz, cruel e desumano”.
Família
Preso desde a época do crime, o assassino de Isabella estava no regime semiaberto, na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé, no interior paulista, conhecida como a “Cadeia dos Famosos”. A defesa entrou com pedido de progressão de regime no início de abril de 2024.
Formado em direito, Nardoni passou por entrevistas com equipe multidisciplinar, em que falou da sua infância, do crime pelo qual foi condenado e da rotina no sistema penitenciário. A análise da psicóloga, o parecer social e o laudo psiquiátrico foram emitidos, respectivamente, nos dias 17, 19 e 22 de abril.
Nas sessões, o criminoso conta que mantém o relacionamento amoroso com Anna Carolina Jatobá, a madrasta de Isabella, também condenada pelo homicídio. Os dois começaram a namorar em 2003, casaram-se em 2008 e tiveram dois filhos.
Atualmente, os jovens têm 16 e 19 anos. Segundo o documento, eles faziam visitas esporádicas na cadeia e sempre se encontravam durante as saidinhas de Nardoni.
“Durante as saídas temporárias, desfruta dos dias em família, na companhia da esposa, dos filhos, dos irmãos e de seus pais”, diz. “O forte vínculo familiar o sustentou e tem contribuído para o seu retorno ao convívio social.”
Já Carolina Jatobá não ia visitá-lo na prisão, porque cumpre pena em regime aberto. O casal, no entanto, trocava cartas toda semana, conforme ele relatou nas entrevistas.
Fonte: Metrópoles