As conversas encontradas pela Polícia Federal (PF) no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelam o modus operandi em relação à solicitação de saques em dinheiro e pagamentos destinados a atender às necessidades da então primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Conforme apurado pelo UOL, as mensagens eram enviadas a Mauro Cid por duas assessoras da então primeira-dama, Cintia Nogueira e Giselle Carneiro. Nas conversas, elas costumavam se referir a Michelle como “dama” ou pela sigla “PD”.
De acordo com as mensagens obtidas e transcritas pelos investigadores com autorização judicial, as assessoras eram responsáveis por fornecer informações de contas bancárias para a realização de depósitos em nome de terceiros. Além disso, elas transmitiam solicitações de Michelle para saques em dinheiro e também faziam pedidos de depósitos em espécie para a conta dela.
Entenda a investigação
Após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi realizada a quebra do sigilo telemático do tenente-coronel Mauro Cid, permitindo acesso às suas mensagens.
As conversas, armazenadas na nuvem de seu dispositivo celular, foram analisadas como parte da investigação. Diante das suspeitas de desvios de recursos públicos, Moraes também autorizou a quebra do sigilo bancário de Cid e de outros funcionários do Palácio do Planalto.
Durante a análise inicial das conversas, a PF descobriu um conjunto de 13 comprovantes de depósitos em dinheiro vivo feitos por Mauro Cid na conta de Michelle Bolsonaro, totalizando um montante de R$ 21.500, no período de março a agosto de 2021.
A PF ainda identificou a existência de 10 solicitações de saques em dinheiro vivo feitas pelas assessoras de Michelle Bolsonaro a Mauro Cid, no período compreendido entre março e outubro de 2021. O valor total desses saques aproxima-se de R$ 5.600.
Agora, a investigação está focada na análise das quebras de sigilo bancário para identificar possíveis transações ocorridas entre 2019 e 2022, abrangendo todo o período da gestão de Jair Bolsonaro.
Diálogos
Nas conversas analisadas, as assessoras de Michelle são responsáveis por solicitar e autorizar pagamentos relacionados a serviços prestados a ela, tais como costureira, podóloga e até mesmo um veterinário.
Além disso, também são feitos pedidos de depósitos mensais para Rosimary Carneiro, que era a titular do cartão de crédito utilizado pela então primeira-dama, bem como para familiares de Michelle.
A seguir, são apresentadas as mensagens obtidas e transcritas pela PF entre Mauro Cid e as assessoras de Michelle Bolsonaro, Giselle Carneiro e Cíntia Nogueira.
As mensagens de Cid estão destacadas em cor branca, enquanto as das assessoras estão destacadas em cor verde. A grafia das mensagens foi mantida conforme a transcrição realizada.
O que diz a defesa
A defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama sustenta que as despesas de Michelle Bolsonaro eram pagas por meio dos recursos provenientes da conta pessoal de Jair Bolsonaro.
Eles negam qualquer alegação de desvio de recursos públicos, que é um dos principais focos da investigação conduzida pela PF.
Fonte: TERRA