A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso manteve a condenação a três anos de prisão contra Valdoir Bento Tavares, o verdadeiro nome do ex-vereador e presidente da Câmara Municipal de Nova Nazaré (786 Km de Cuiabá), Marco Túlio. Ele utilizou os dados de um primo morto, cuja certidão de óbito não havia sido elaborada para criar uma nova identidade e, assim escapar de retaliações por dois homicídios cometidos por ele e seu irmão em Ariquemes, no ano de 2007.
Os magistrados da Segunda Câmara seguiram por unanimidade o voto do desembargador Rui Ramos, relator de um recurso ingressado pelo ex-vereador contra a condenação, estabelecida por crimes contra o sistema nacional de armas, uso de documento falso e falsidade ideológica. A sessão de julgamento ocorreu na manhã de quarta-feira (18).
A defesa alegou que as provas obtidas pela Polícia Judiciária Civil (PJC) de Mato Grosso contra o exvereador eram ilegais, o que poderia “contaminar” o processo. O desembargador Rui Ramos não concordou com a argumentação, lembrando que a prisão, que flagrou Valdoir Bento Tavares com armas de fogo e o documento falso, ocorreu devido ao mandado de prisão em aberto pelos assassinatos cometidos em Ariquemes.
A “capivara” do ex-vereador de Nova Nazaré é extensa e também conta com crimes em outros Estados além de Rondônia e Mato Grosso. Uma briga no réveillon de 2007, por conta de uma vaga de estacionamento em uma das principais vias de Ariquemes, foi a causa dos homicídios que resultaram nas prisões do presidente de Valtoir Bento Tavares, e de seu irmão, detido em Aruanã, no ano de 2022.
Valdoir Bento Tavares e seu irmão, Valteir Bento Tavares, ao lado do também suspeito dos assassinatos, Oseias de Oliveira, o “Cegão”, estavam nas proximidades da extinta boate V8, que funcionava na avenida Tancredo Neves, uma das principais vias de Ariquemes. O trio matou Edeilson Moura dos Santos e Éder da Silva Martins.
Temendo represálias pelas mortes, os irmãos fugiram de Ariquemes, onde fizeram identidades falsas. Um deles, Valdoir, conseguiu até mesmo se eleger vereador e presidir a Câmara de Nova Nazaré – não sem antes passar por Aruanã, em Goiás, onde cometeu os crimes de furto em zona rural, lesão corporal, posse ilegal de arma de fogo e receptação.
No último dia 11 de outubro, o juiz da 30ª Zona Eleitoral de Água Boa (750 Km de Cuiabá), Jorge Hassib Ibrahim, anulou os votos recebidos pelo ex-vereador nas eleições de 2020, onde foi escolhido por 91 eleitores do município. Valdoir também ficou inelegível. Em agosto de 2023, o ex-vereador, que se passou por outra pessoa por mais de 15 anos, foi contratado como assessor de gabinete do prefeito de Nova Nazaré, João Filho (PSDB), colega de partido de Valdoir.
Fonte: Folha do Sul