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Jornalismo e jornalistas e suas perdas durante a pandemia – Por Carlos Caldeira

O vírus não escolhe classe, cara, cor, raça, religião, preferencia política e nem idade, isso é a mais pura realidade, o vírus não escolhe suas vítimas pela conta bancaria e nem pelo seu rol de amigos, e as vezes, a própria vítima escolhe o vírus.

Um jornalista escrevendo sobre as perdas dos jornalistas e do jornalismo durante a pandemia, parece querer legislar em causa própria não é mesmo? Mas não é!

Quando eu escolhi largar os números e as intermináveis horas trancado dentro de uma sala com ar condicionado calculando impostos, fazendo folhas de pagamento e alimentando sistema contábil e ainda ganhando “uns trocados” fazendo declarações de imposto de renda, para me dedicar exclusivamente ao jornalismo, principalmente o investigativo, eu não esperava que fosse tão apaixonante e ao mesmo tempo tão difícil e estressante…

Dentro de minha sala refrigerada ninguém entrava para me chamar de vagabundo ou de mentiroso quando o meu cálculo não lhe agradava, e olha que matemática não é uma ciência exata como muitos estudiosos e matemáticos teimam em dizer. Existem ramos da matemática que fornecem precisão, mas a exatidão não está presente em todas as suas áreas de estudo. Uma forma de comprovar é através da existência de vários paradoxos matemáticos, uma ideia contrária à lógica.

Fazendo uma passagem no tempo de aproximadamente 10 anos, chegamos em fevereiro de 2020 quando a IMPRENSA BRASILEIRA noticiou a chegada do CORONAVÍRUS no Brasil, e em 31 de março tivemos o primeiro óbito em Rondônia… veio o segundo, o terceiro, e quase um ano depois de sepultarmos a primeira vítima, sem direito a velório e sem despedida da família, essa rotina já foi repetida quase 2.500 vezes, e lamentavelmente, mesmo com a vacina, ainda teremos que dar essa notícia muitas e muitas vezes…

É certo que uns, correndo atrás de mais likes, trazem a notícia de maneira bem mais trágica e sensacionalista, e outros de maneira mais amena, respeitando a dor das famílias que perderam seu ente querido.

O vírus não escolhe classe, cara, cor, raça, religião, preferencia política e nem idade, isso é a mais pura realidade, o vírus não escolhe suas vítimas pela conta bancaria e nem pelo seu rol de amigos, e as vezes, a própria vítima escolhe o vírus…

Nos, jornalista, já tivemos tantas perdas, mas tantas perdas, que cada vez que escrevemos uma nota de pesar para um colega que se foi, outros tantos colegas ficam chocados e temerosos de continuar na linha de frente, frequentando lugares insalubres como hospitais e unidades de saúde em geral, porque esse é o nosso trabalho, queiram ou não, é através da notícia, seja ela trágica ou não, que levamos o pão de cada dia para nossos lares, como qualquer outro trabalhador.

Vale ressaltar que o Brasil, segundo a entidade Press Emblem Campaign (PEC), é o segundo país do mundo em número de mortes de jornalistas em decorrência do COVID 19. E em Rondônia, nos últimos 20 anos, já perdemos mais colegas de profissão para o vírus, do que para a violência normalmente atribuída a nossa profissão.

Esse texto é em homenagem ao nosso amigo jornalista LUIS ALVES PEREIRA JUNIOR, ou simplesmente JUNIOR DO JH NOTICIAS, mais uma vítima do coronavírus que nos deixou na última sexta feira, 12 de janeiro de 2021.

Fonte: News Rondônia

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