A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro no Congresso Nacional ouviu, nesta terça-feira (26/9), o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República no governo Jair Bolsonaro (PL).
A defesa do militar chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele não comparecesse. Na noite de segunda (25/9), o ministro Cristiano Zanin concedeu ao militar o direito de permanecer em silêncio diante dos parlamentares, mas determinou que ele deveria comparecer, na condição de testemunha.
O depoimento do militar teve início por volta das 10h10 desta terça. Ao chegar, Heleno foi aplaudido por diversos parlamentares da oposição.
Heleno teceu comentários sobre a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, à Polícia Federal, em que ele disse ter participado da tal reunião. Segundo o general, ajudantes de ordens não participavam de encontros do tipo. “Cid não participava de reuniões. Ele era ajudante de ordens. Isso é fantasia.”
Apesar de ter o direito de não falar, Heleno respondeu às perguntas feitas pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA). Em uma delas, ele negou conhecer a suposta “minuta do golpe”, que teria sido produzida para o ex-presidente Jair Bolsonaro e apresentada em uma reunião com as Forças Armadas.
“Nunca nem ouvi falar. O presidente da República disse várias vezes, na minha presença, que ele jogaria dentro das quatro linhas, e eu não tive intenção, em nenhum momento, de fazer o presidente sair das quatro linhas”, afirmou.
O militar também afirmou que nunca foi aos acampamentos golpistas em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. Em seu discurso inicial, ele citou uma reportagem que o acusou de ter “DNA bolsonarista”. Em oitiva à CPMI, ele negou.
“Não ficou DNA bolsonarista do general Heleno, porque jamais tratei de política com meus servidores”, disse. “Essa alegação de que meu DNA é bolsonarista não me atinge”, concluiu.
Autoria intelectual
A menos de um mês para o prazo de entrega do relatório final do colegiado, a CPMI concentra-se em figuras próximas ao ex-presidente, na tentativa de relacioná-lo à autoria intelectual dos atos antidemocráticos.
O militar já compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). No depoimento, afirmou que “jamais participou” de reuniões sobre possíveis ações contra a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Heleno chamou ainda de “narrativas fantasiosas” as alegações de que o ex-presidente e os seus aliados queriam anular o resultado das urnas.
Acompanhe a sessão com general Heleno:
“Respeito à minoria”
No início da sessão, o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), fez um discurso pedindo que as decisões tomadas no colegiado respeitem o governo – que tem maioria no colegiado – e a oposição. Ele afirmou que tem defendido os pedidos da minoria, apesar de ser atacado por alguns nomes da oposição.