O Bradesco aceitou suspender por 60 dias a ação de produção antecipada de provas, movida contra a Americanas desde janeiro. A medida, na prática, interrompe a perícia que seria feita pela empresa Kroll sobre e-mails e documentos trocados pela cúpula da varejista nos últimos 10 anos. Ele é ainda uma demonstração de que o banco e a empresa estão próximos de um acordo.
O pedido inicial para a interrupção do processo foi feito pela Americanas na terça-feira (17/10). Depois disso, no mesmo dia, o banco concordou com a medida, ao registrar a resposta na 2.ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem. O Bradesco é o maior credor individual da varejista, cuja dívida com a instituição financeira é estimada em R$ 4,7 bilhões.
A suspensão da ação é resultado da última proposta apresentada pela empresa aos credores, dentro do processo de recuperação judicial, divulgada em fato relevante ao mercado, em 10 de outubro. Ela estabelece que o trio de acionistas de referência da companhia, formado por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, colocará mais dinheiro no processo em troca de uma conversão maior das dívidas em ações da companhia.
De acordo com o novo plano, os três acionistas fariam um aporte de R$ 12 bilhões no curto prazo. Anteriormente, a proposta era de injeção de R$ 10 bilhões, com mais R$ 2 bilhões, a serem pagos em 2027 e 2028 e condicionados a métricas de desempenho da varejista.
Ainda de acordo com a proposta da Americanas, os bancos credores vão converter R$ 12 bilhões de dívida em ações da empresa. Na versão anterior da proposta, a conversão seria de R$ 10 bilhões. Da dívida total da Americanas, R$ 35 bilhões estão nas mãos dos bancos. Após a conversão das dívidas, eles ficarão com um saldo de R$ 23 bilhões a receber.
Fonte: Metrópoles