São Paulo — Vídeo divulgado nesta terça-feira (2/5) mostra que o motorista de aplicativo Christopher Rodrigues, de 27 anos, negou ajuda ao ambulante Matheus Campos da Silva, 21, quando ele ainda estava vivo e gesticulava debaixo do seu carro, após ter sido atropelado na tarde do último dia 25 de abril, na região central de São Paulo.
“E aí, comédia? Você vai roubar trabalhador? Vai roubar trabalhador?”, grita Christopher. “Não vai sair, não. Só vai sair com a polícia”, afirma o motorista, em vídeo gravado por ele e que foi compartilhado por WhatsApp. Nas imagens, Matheus gesticula fazendo o sinal de negativo debaixo do veículo. Ele morreu pouco tempo depois, quando já havia sido socorrido pelos bombeiros.
As imagens, que foram divulgadas inicialmente pela TV Record, não aparecem na sequência de vídeos que o próprio Christopher divulgou em seu perfil nas redes sociais, debochando da vítima, que teria furtado um celular de um outro veículo instantes antes de ser atropelado. A Polícia Civil investiga o suposto furto cometido por Matheus e se Christopher teve intenção de matá-lo.
Como mostrou o Metrópoles na última sexta-feira (28/4), ainda durante a ocorrência, o motorista de aplicativo publicou uma série de vídeos em seu perfil no Instagram debochando da vítima. Nas gravações, ele afirma, entre outras coisas, que a vítima atropelada era “menos um fazendo L”, em referência a eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao Metrópoles, Talita Maiara Castro Campos, de 32 anos, irmã de Matheus, disse que o atropelador é “um monstro”. “Ele foi frio. Tem um coração frio esse rapaz. Se fez isso com meu irmão, pode agir com outras pessoas só por achar que estão fazendo algo errado”, afirmou.
Segundo Talita, a família pretende processar o motorista de aplicativo. “Nada disso vai trazer meu irmão de volta, mas, pelo deboche, a gente vai pedir indenização. O que tiver para colocar em cima dele, a gente vai colocar.”
“Meu irmão estava vivo, debaixo do carro, pedindo socorro, e ele não quis que ninguém o tirasse”, disse Talita. A irmã afirmou também que Matheus vendia capinhas de celular, água e chocolate pelas ruas e também em ônibus, trens e metrô.
Até o momento, o atropelador não apresentou advogado no 5º DP (Aclimação), que investiga o caso. Em depoimento à polícia na última sexta-feira (27/4), o motorista de aplicativo disse que não quis matar Matheus e que estava arrependido de publicar os vídeos nas redes sociais.
As empresas de transporte por aplicativo Uber e 99 baniram o motorista de suas bases de colaboradores. Ambas informaram ao Metrópoles que ele não fazia viagem pelo app quando atropelou e matou Matheus.
Fonte: Metrópoles