Aquele amontoado de lama, pontes caídas, atoleiros e uma indústria da poeira, dependendo da estação do ano, também chamada de BR 319, depois de quatro dias de interdição, deve voltar a abrir para o tráfego entre Porto Velho e Manaus nesta segunda-feira (13).
Em praticamente 900 quilômetros de uma rodovia federal, onde cerca de 500 quilômetros estão destruídos e só servem mesmo para aventureiros percorrerem, a queda de uma ponte parou todo o já perigoso e quase impossível travessia entre as duas capitais.
Motociclistas que adoram enfrentar verdadeiros rallys, como se fossem competidores de uma prova quase impossível de vencer, brincam que, quando saem de Porto Velho, todos têm roupas diferentes, mas quando chegam a Manaus, estão vestidos com a mesma indumentária: ou marrons de barro ou um tom um pouco menos claro da mesma cor, por causa da poeira infernal.
Desde a quinta-feira, a BR 319 ficou interrompida na altura do quilômetro 24,5, sentido Manaus/Porto Velho. Na altura do rio Autais Mirim, caiu uma ponte, no final do ano passado e as obras emergenciais do Dnit não foram suficientes para resolver o problema.
Centro de um debate político sem fim, há décadas a 319 é um arremedo de estrada. Com exceção dos primeiros 200 quilômetros da Capital rondoniense até Humaitá e um pequeno trecho na direção de Manaus para cá, todo o resto da rodovia é algo perto do terror, para os usuários.
Quem não quer cair no preço proibitivo das balsas, que dominam o transporte fluvial, têm que enfrentar o chamado Trecho do Meio, que chega a mais de 450 quilômetros, totalmente destruído.
Havia um fio de esperança de que a 319 pudesse ser toda asfaltada, quando, no governo anterior, o então ministro e hoje governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciou que o asfaltamento do trecho do meio era prioridade na gestão de Jair Bolsonaro.
Quando o governo Lula assumiu e a maior inimiga da obra, Marina Silva, foi escolhida para o Ministério do Meio Ambiente, a realização da obra ficou tão impossível como o do Sargento Garcia prender o Zorro! Com as perspectivas cada vez menores de que o asfalto da 319 seja concretizado, ao menos nos próximos quatro anos, os usuários devem se preparar: ou se aventuram numa estrada horrorosa, cheia de perigos e obstáculos ou aceitam usar o sistema de balsas e seus preços absurdos, perdendo vários dias entre as duas capitais do norte, quando, por estrada, poderiam fazê-lo em poucas horas.
As embarcações entre Porto Velho e Manaus, podem levar de 6 a 8 dias e de Porto Velho a Manaus é de 5 a 6 dias, mas esse tempo varia ao longo do ano.
Com a BR nas condições que está, uma viagem (apenas para ônibus especialmente preparados para o terreno ) e camionetas 4×4, podem levar entre 22 a 30 horas, dependendo do dia.
Caso os cerca de 500 quilômetros que faltam estivessem asfaltados, a viagem duraria entre 12 e 13 horas.
Fonte Ariquemes Online