O grupo Edge, um dos maiores conglomerados de indústria de defesa do mundo, anunciou nesta sexta-feira (29) a aquisição de 50% da brasileira SIATT.
A entrada na sociedade ocorre seis meses depois de o Edge decidir abrir escritório de representação em Brasília. Nesse meio tempo, o grupo, constituído por fundos de investimentos dos Emirados Árabes Unidos, firmou um acordo de cooperação com a Marinha do Brasil para participação em projeto de desenvolvimento de míssil antinavio de longo alcance.
O projeto é arrojado. Tem custo estimado de US$ 75 milhões (cerca de R$ 375 milhões). Está na fase de qualificação, que deve durar até 2025. Logo depois, está prevista a produção industrial. A iniciativa recebeu o nome de MANSUP.
“Vemos o Brasil como um país estratégico e em crescimento. Com muitas oportunidades na escala global. Para reafirmar essa visão, nosso primeiro escritório fora dos Emirados Árabes Unidos foi no Brasil”, disse o presidente do grupo, Faisal Al Bannai, em entrevista à CNN.
A SIATT, agora com a expertise do grupo Edge, irá fornecer os sistemas de guiagem, navegação, controle e telemetria.
Para Faisal Al Bannai, entrar no mercado de Defesa não é uma tarefa fácil. “É um mercado com muitas famílias e empresas estabelecidas. Porém, se você entrar com a mentalidade de entregar soluções com tecnologias inovadoras, você pode vencer contra os competidores mais estabelecidos”.
Fundada em 2015, a SIATT surgiu a partir de uma dissidência da Mectron – empresa do setor que era gerida pela Odebrecht. Com as investigações da operação Lava Jato, os aportes financeiros foram reduzidos e acabou afetando o negócio. Foi quando alguns sócios, não ligados ao controlador, abriram SIATT.
No portifólio de produtos da companhia estão armas inteligentes, como mísseis e munições guiadas, bem como a sua integração em aeronaves, embarcações navais, tanques e outros veículos terrestres.
Investimentos
O grupo Edge é especializado em tecnologias da chamada quarta revolução industrial. Com sede nos Emirados Árabes, foi criado em 2019.
A empresa tem aproximadamente 6.000 funcionários trabalhando em seus quatro segmentos principais: plataformas e sistemas, armas e mísseis, guerra eletrônica e tecnologias cibernéticas e suporte comercial e de missão.
A chegada ao Brasil é considerada estratégica para atender clientes da América Latina. “Podemos contratar a talentosa mão de obra brasileira na área de tecnologia. Além disso, penso que, a partir de nosso escritório no Brasil, podemos conseguir muitos parceiros na américa do sul”, afirmou Al Bannai.
Segundo o presidente, o faturamento do grupo passa de 5 bilhões de dólares. Novas parcerias com as Forças Armadas brasileiras não estão descartadas.
“Penso em fazer novos negócios com as Forças Armadas brasileiras. Estamos muito próximos da Marinha. Estou muito otimista com o Brasil. Estamos vindo para ser parceiros, não apenas vendedores”.
O conglomerado está negociando a aquisição de mais duas empresas do Brasil na área de tecnologia dedicada a armamentos. Estão em curso também parcerias com a Embraer, a Iveco Defence Vehicles, que fabrica blindados, e a Turbomachine, indústria de turbinas.
Fonte: CNN